Autocuidado no processo de adaptação numa nova cultura!

A mudança para uma nova cultura, não exige apenas uma mudança externa de casa, rotina, trabalho…. Mudar de cultura, provoca também uma mudança interior. E não importa o quanto queremos ou não mudar, este processo acontece em diferentes níveis e todos vivenciamos.

Mas, mudar internamente não é tão simples como organizar a casa nova… Muitas vezes esta mudança pode gerar alto nível de estresse e ansiedade. E por isso, necessitamos intensificar ainda mais o nosso autocuidado.

Praticar o autocuidado durante este processo de mudança pode ser um grande desafio para a maioria dos imigrantes, muitas vezes não existe a escolha de parar e estar atento a si mesmo. Por isso, acredito que o autocuidado não é, apenas, parar totalmente de lidar com os desafios para descansar.

Percebo o autocuidado como um comportamento de cuidado que atenda as nossas necessidades, sejam elas físicas, emocionais, sociais… É o ato de oferecermos a nós mesmos o melhor que podemos naquele momento, com as condições que temos.

Daniele Ribeiro

Se conseguirmos fazer isso, mesmo que seja em poucos momentos, aprendemos a criar um hábito de atender às nossas necessidades independente das circunstâncias. Valorizando o amor próprio e gerenciando as nossas emoções mesmo em circunstâncias desafiadoras! 

Não é fácil, pois envolve autorresponsabilidade sobre nosso estado e um olhar de compaixão pela nossa vulnerabilidade. Algo que somente nós podemos fazer por nós mesmos.

Mas, o que podemos fazer para cuidar de nós mesmos?

Como psicoterapeuta humanista, o primeiro passo seria olhar para si, perceber e tomar consciência das nossas necessidades. Podemos fazer isso através de algumas perguntas:

  • Quais são as suas necessidades mais urgentes?
  • O que você percebe que seu corpo esta dizendo? Quais são os sinais?
  • O que você percebe que está demandando mais atenção em seu processo de mudança de país?

Parar para prestar atenção e estar presente, mesmo que seja, por vezes, difícil entrar em contato com sentimentos e vulnerabilidades humanas que não gostaríamos de admitir a nós mesmos. Compreender que apesar de sermos fortes, resilientes e capazes de reconstruir uma nova vida em outros lugares do mundo, também possuímos limites que serão desafiados durante esta mudança.

Este olhar de compaixão, acolhimento e cuidado é tão essencial quanto estar numa postura ativa de enfrentamento. Afinal, é este autocuidado que irá proporcionar força e disposição para os enfrentamentos diários da vida migrante.

Com esta compreensão, podemos nos permitir vivenciar práticas que podem ajudar neste processo:

  • Se desconectar ou reduzir o uso das redes sociais: O online nos traz muitos ganhos quando vivemos num novo país, é através dele que conseguimos manter o contato com a família no país de origem, conhecer novas pessoas, ampliar a nossa rede de apoio social, iniciar um novo trabalho e podemos também aprender sobre a vida e cultura do país. Mas, quando o uso se torna demasiado, quando começamos a tirar o foco da vida no presente nos colocando sempre para o passado, para “a vida antiga” ou nos lançando para um futuro. Necessitamos começar a repensar a relação com as redes sociais e escolhermos o que podemos fazer com ela.
  • Buscar apoio: Independente da forma de apoio, seja psicológico online ou presencial. Ter apoio pode ser muito importante, sentir que não está só, ter um espaço seguro, ser ouvido e acolhido, ter um espaço para pensar junto com um profissional novas formas de enfrentar os tantos desafios desta nova vida. Além disso, o profissional capacitado de modo intercultural pode facilitar seu processo de integração cultural tornando adaptação mais leve, te oferecendo suporte para este enfrentamento.
  • Manter hábitos saudáveis: É sabido que mover-se e cuidar da alimentação são fundamentais para uma boa qualidade de vida. Na imigração não poderia ser diferente. Além de cuidarem do corpo, aumentando os níveis de hormônio como dopamina e serotonina, é um ótimo regulador emocional aliviando o estresse e a ansiedade que são sintomas frequentes na vida do imigrante.
  • Investir tempo no que te faz bem: Não podemos nos esquecer de incluir atividades prazerosas durante todo recomeço, os momentos divertidos e relaxantes nos ajudam a recarregar as energias para levantar no dia seguinte. Pode ser uma oportunidade de investir em novos hobbies ou resgatar atividades que você fazia antes da mudança.

Bom, gostaria que esta reflexão te ajudasse a pensar sobre a importância do autocuidado nesta sua mudança para viver em outra cultura. E que assim, você viva este novo capítulo da sua história da melhor maneira possível!

Se quiser ter um espaço seguro, acolhedor e seguir acompanhado, conte comigo em sua jornada pelo mundo. Estarei aqui para te ouvir e caminhar com você!

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